O Primeiro Estrangeiro

Hans Leo van Hocsch, cujo Porsche 356 aqui vemos durante a prova final disputada no Estoril, foi o melhor classificado de todos os estrangeiros (e eram muitos) que participaram no Rallye Internacional de Lisboa (Estoril) de 1952. Tendo partido de Frankfurt, van Hocsch e o seu desconhecido companheiro de viagem - que surge "de braço de fora" durante a complementar do Casino - terminariam a prova num honroso quarto lugar, atrás dos portugueses Filipe Nogueira (vencedor absoluto), Conde de Monte Real e D. Fernando Mascarenhas.


Vitória de Jorge Monte Real em Santarém

O Conde de Monte Real foi o brilhante vencedor do Circuito de Santarém de 1936 tripulando um Bugatti T35C, tendo deixado o adversário mais próximo a mais de uma volta de distância.

Results
 1  7 Jorge Monte Real          Bugatti T35C            1h14m18.2s, 82.445 kph
 2  3 Eduardo Ferreirinha       Ford V8 Especial        19 laps
 3  1 Manuel de Oliveira        Ford V8 Especial        19 laps
 4 14 Harry Rugeroni            Bugatti-Railton-Terraplane  19 laps
 5  4 Manuel José Soares Mendes Alfa Romeo 8C-2300      18 laps
 6  9 Manues Nunes dos Santos   Adler                   17 laps

Fastest Lap: Monte Real (Bugatti T35C), 3m35.4s, 85.320 kph


Not Classified:
    5 Francisco Ribeiro Ferreira  Bugatti T51            9 laps/lost rear wheel
   11 Nicol MacNicoll           SS                       6 laps
    6 Carlos Santos Silva       Ford                     4 laps
   12 Eduardo Carvalho          NN V8                    3 laps
    8 António Guedes de Herédia MG                       1 lap

Did Not Arrive:
      Carlos Wanzeller          Alfa Romeo
 
 

Corrida na Auto Estrada

Esta curiosa fotografia mostra o Cooper Climax nº 4 de Sirling Moss em plena aceleração na auto estrada  que ligava Lisboa ao Estádio Nacional durante o Grande Prémio de Portugal de 1959, disputado no circuito de Monsanto. 
Inaugurada em 1944 pelo Ministro das Obras Públicas de então,  Duarte Pacheco,  a EN7, como se denominava oficialmente, foi uma das primeiras auto estradas do seu género a serem construídas na Europa, tendo sida integralmente realizada em cimento e brita ao longo de cerca de oito quilómetros.
Stirling Moss foi o vencedor do Grande Prémio, tendo deixado o segundo classificado, Masten Gregory, a uma volta de distância.
Fotografia - The Cahier Archives


Foi um dia de sol magnifico, com um Stirling  Moss demolidor no Cooper de Rob Walker equipado com uma caixa de velocidades Colloti que ficou finalmente fiável. Jack Brabham teve um acidente causado por um desentendimento com "Nicha" Cabral, que se estreava na F1. Masten Gregory foi
outro que resistiu ao calor e no fim da corrida o único motivo de interesse era a luta pelo terceiro lugar entre Trintignant e Gurney, até que o francês teve de parar para receber água de um posto improvisado pelo  autor da foto (Bernard Cahier) .
Esta corrida acabou também por afastar as pretensões ao titulo de Tony Brooks que não se entendeu com o traçado lisboeta e fez uma má corrida. Foi também o canto do cisne para os Aston Martin que
passaram a pertencer ao passado.
Luis Sousa

Era Uma Vez...

Era uma vez um Ferrari 250MM Spyder Vignale chassis #0326MM com o qual D. Fernando Mascarenhas participou no Circuito Internacional de Lisboa de 1953, também conhecido como Grande Prémio do Jubileu do Automóvel Clube de Portugal. As coisas não correram bem ao Marquês de Fronteira, que acabou por sofrer um acidente que deixou o Ferrari muito maltratado.
Cinquenta e quatro anos e várias carroçarias depois este mesmo carro iria surgir no Concurso de Elegância de Pebble Beach 2007 pelas mãos de "Chip" Connor, o seu proprietário de então. Mais de meio século depois da sua chegada a Portugal a exuberante beleza deste automóvel de competição continua a fazer as delícias dos entusiastas de todo o mundo.


 


Duelo de Brasileiros em Monsanto

Circuito Internacional de Monsanto, IV Grande Prémio de Portugal 1954. O Ferrari 166MM chassis #0290M com o nº 1  tripulado pelo piloto brasileiro Mário Valentim precede o Ferrari 225S nº 2 do seu compatriota Sérgio Bernardes. O carro de Valentim fora originalmente importado em 1953 por João Gaspar para Vasco Sameiro, que com ele sofreu um acidente no circuito da Boavista desse ano. Mais tarde este mesmo Ferrari viria a ser tripulado pelo Conde de Monte Real no Grande Prémio do Jubileu do ACP disputado em Monsanto.
Sérgio Bernardes teve uma breve e discreta carreira como piloto de automóveis mas viria a tornar-se um dos mais importantes arquitectos brasileiros da sua geração.
Foto - Centro de Documentação do ACP


O Ferrari que o Conde Monte Real usou em Monsanto era o chassis 0288. Vasco Sameiro usou o 0288 na Boavista 53, equipado com o motor 2litros do 0290. Após o acidente de Sameiro o motor 3 litros foi reparado e instalado na 0288 com que o Conde Monte Real andou bem, apenas se queixando que o carro era muito instável, o que era normal pois nem tiveram tempo de o afinar. Este carro 0288 esteve em Monsanto 54 com Francisco Marques ao volante e Mário Valentim usou o 0290MM . Sérgio Bernardes não só foi dos maiores arquitetos do Brasil como tinha gosto por obras de arte sobre rodas, pois foi também proprietário de um Maserati 450S.
Luis

Um Denzel em 1954

Em 1954 Filipe Nogueira (visto aqui no III Rallye de Aveiro) utilizaria o Denzel FH-20-49 em várias provas com resultados meritórios. O carro preparado por Jaime Rodrigues conquistaria o 2º lugar no Circuito da Boavista e uma posição idêntica no Circuito Internacional de Tanger desse mesmo ano. José Arroyo Nogueira Pinto, em Ferrari 250 MM Spyder Vignale seria o vencedor.
Foto - Luis Sousa




Um Herói em Nurburgring

Joaquim Filipe Nogueira foi uma figura ímpar da história do automobilismo português, afirmando-se aquém e além fronteiras como um dos nomes grandes da sua geração. Tendo conquistado tudo o que havia para conquistar em Portugal decidiu partir também à conquista da Europa (e da África do norte...) com resultados mais que meritórios.
Em Agosto de 1955 o grande campeão português enfrentou alguns dos melhores pilotos do mundo no mítico circuito de Nurburgring, um traçado com 22 quilómetros de extensão que incluía montes, vales e "curvas cegas" em número assustador, o qual deveria ser percorrido por vinte e duas vezes. Alinharam à partida (tipo "Le Mans") 60 concorrentes, mas apenas 38 chegariam ao fim, o que diz bem da dureza da corrida. Filipe Nogueira levou o Porsche 550 Spyder nº 3 ao "top ten", tendo terminado a prova num brilhante décimo lugar. Jean Behra, em Maserati 150S, seria o vencedor.
Na foto da partida pode ver-se o Porsche Spyder nº 2 de Richard von Frankenberg a sair na frente, com o carro idêntico de Wolfgang Seidel (nº5) logo atrás. Jean Behra (nº16) teve um arranque modesto, ao contrário de Filipe Nogueira, cujo carro aparece já "embalado" ao meio da imagem assinalado com um"X".
Fotos - Luis Sousa e Interclássico